Universidade São Judas Tadeu, 20.10.2012. Estado de Direito e Violência Policial |
A previsão era de que o evento
começaria às 14h00 e terminaria às 16h00. Começou às 14h30 e terminou às 18h00,
para alívio dos seguranças e do técnico de som da universidade, que, desde as
17h00, nos avisavam que precisavam fechar o prédio para prepará-lo para o
vestibular do dia seguinte.
No
dia 20 de outubro, sábado passado, promovemos o seminário Estado de Direito e Violência Policial no auditório do subsolo da
Universidade São Judas Tadeu, no campus da Mooca. Na mesa, presidida pelo professor Sílvio de
Almeida (presidente do Instituto Luiz Gama), estávamos eu, o tenente-coronel Adilson Paes de Souza, o Procurador do
Estado Luiz Fernando Roberto e o cientista político Frederico de Almeida. Na
plateia, alunos de Direito e de Comunicação Social, além dos convidados.
Os
temas das palestras já davam a tônica do tipo de discussão que estava por vir: Estado de direito, violência estrutural e o
pensamento conservador; a educação em
direitos humanos na polícia militar; força
policial x violência policial: parâmetros da legalidade; o controle social das polícias na transição
para a democracia. Temas complexos que suscitam questões de difícil
resolução, para as quais não há respostas simples, certas ou erradas.
Adilson Paes de Souza e Luiz Fernando Roberto |
A
violência é inerente à atividade policial? A partir de que momento a força
policial se torna abusiva? As abordagens e batidas são feitas corretamente? A
polícia deve ser criticada? O treinamento dos policiais é adequado? A violência
social é causa ou consequência da violência policial? O policial é algoz ou tão vítima do sistema quanto o marginal que ele brutaliza? Que expectativas a
sociedade tem em relação à polícia e como essas expectativas são respondidas?
Questões
relevantes em qualquer sociedade, mas que se mostram fundamentais diante do
momento caótico que vivemos, mergulhados numa verdadeira guerra civil em que
policiais e bandidos tombam aos montes, diante de nossos olhos perplexos e
assustados.
Não
surgiram respostas, nem era essa a intenção. É bem provável que todos tenham
deixado o auditório com mais perguntas do que quando chegaram. Mas sem dúvida
foi fornecido muito material para reflexão. Para todos nós. Por nós e pelo
público presente, que questionou, argumentou, indagou e dialogou com os palestrantes, enriquecendo muito o debate.
"Vitae necisque potestas": O poder da vida e da morte. |
A
atuação da polícia numa sociedade violenta e desigual como a brasileira, e numa
realidade complexa como a de São Paulo, dá espaço, como não poderia deixar de
ser, às posturas mais diversas. As ideias mais díspares foram expostas e
defendidas, ora com serenidade, ora com paixão. E, sem que percebêssemos, o
tempo corria. Até que, diante da crescente angústia dos funcionários da
faculdade, o seminário foi encerrado. Nenhum dos presentes queria ir embora.
Ainda havia muito a ser discutido – e os debates se estenderam para além do
auditório e dos corredores da universidade, já vazios, ganhando os pontos de
ônibus, os bancos dos carros, os celulares.
O
mais gratificante de tudo foi ver cerca de 70 alunos de primeiro ano, em pleno
sábado à tarde, a menos de duas semanas do início das provas finais do semestre (e, portanto, do ano), presentes, envolvidos, interessados, participantes. Alguns alunos do Direito saíram de outro evento, ocorrido de manhã no campus do Butantã, e correram para a Mooca (nem todos conseguiram almoçar). Um
verdadeiro tapa na cara dos cínicos que gostam de repetir o bordão de que a
juventude é alienada, não se informa, não participa dos problemas sociais, só
pensa em bobagem etc.
À esquerda, o professor Roberto Coelho, prestigiando o evento. |
Para
quem não bota fé nessa nova geração, um conselho: cuidado! Vocês nem imaginam o
que vem por aí...
Ao longo dessa semana, muitos alunos me procuraram, elogiaram o seminário e
pediram mais eventos dessa natureza. É claro que terão. O prazer é nosso,
rapaziada!
Aos
alunos que estavam presentes – e àqueles (muitos) que, embora não pudessem
estar lá, demonstraram interesse e pediram mais – uma palavra final: muito
obrigado, meus caros! Quando os chorosos de sempre reclamarem dos jovens
alienados que não querem saber de nada na vida, eu, o Sílvio, o Adilson, o Luiz
Fernando e o Frederico (além de todos os presentes, dentre os quais o professor
Roberto Coelho, que ajudou a planejar e organizar o evento) teremos uma excelente
resposta para dar.
Valeu, moçada!
Silvio de Almeida |
Frederico de Almeida |
(Obs.: as fotografias foram tiradas e gentilmente cedidas pela Ludmila Siviero, aluna do curso de Rádio e TV.)
Muito bom mesmo, os organizadores do eventos também merecem ser parabenizados por terem tido a inciativa e a levado adiante!!!
ResponderExcluirMarcar um evento no sabado? Isso é coisa de maluco!
ResponderExcluirAi marcamos no sub-solo (impossível) não virá ninguém....
Resultado : Sala cheia, debates mil, ficamos lá até a faculdade fechar, com segurança pedindo para acabar e poder fechar o prédio!
Coisa boa... o aluno vem e gosta!
Parabens aos mestres que lá estiveram e aos alunos que lá debateram!